Artigo
Várias representações de Tehemou/Tamhou onde um deles é capturado (parte superior) por Sua Majestade Fari Ramessu II.
« Sob a VI dinastia, em torno de 2300 antes da era cristã, faz-se menção aos Temehu; não se trata de uma ramificação dos Tehenu, como imaginava O. Bates, mas de um novo grupo étnico, de pele mais clara e olhos azuis, com um percentual de loiros não negligenciável. Vestidos de mantos de couro, têm freqüentemente um ombro nu. [...] Os Temehu eram, ao que parece, muito belicosos; os faraós do Médio Império foram por diversas vezes obrigados a combatê-los. Sob o Novo Imperio são freqüentemente representados, distinguindo-se pela tranca pendente diante da orelha e recurvada sobre os ombros; muitas vezes trazem plumas nos cábelos e ostentam tatuagens. [...] As empresas dos Temehu tornaram-se mais perigosas durante a XIX dinastia. [...] Em -1227, no reinado de Merneptah, são mencionados os Mashwesh (ou Meshwesh), vizinhos ocidentais dos Libu. Os Libu, com os Mashwesh, parecem fazer parte do grupo mais geral dos Temehu. »
"História Geral da África" Volume 2 p.437-438
« com a tez que chamamos cor de carne ou pele branca da nuance mais delicada, um nariz reto ou ligeiramente arqueado, olhos azuis, a barba, loira ou avermelhada, estatura alta e longilínea, vestimenta de couro de boi conservando o pêlo natural, verdadeiro selvagem tatuado em diversas partes do corpo, eles são chamados de Tamhou. [...] Por fim (eu tenho vergonha de dizer, já que a nossa raça é a última e mais selvagem da série) os europeus que nesses tempos antigos, é preciso ser justo, não tinham uma boa imagem neste mundo. É preciso compreender aqui todos os povos de raça loira e pele branca, habitantes não somente da Europa mas também da Ásia, o seu ponto de partida . [...] Olhar para eles, no entanto, tem algo lisonjeiro e consolador, pois faz-nos apreciar o caminho que fizemos desde então. »
Tradução de Jean-François Champollion pai da egiptologia Européia em "Lettres écrites d'Egypte et de Nubie en 1828 e 1829" - edição 1833, a 13ª carta (26 de maio de 1829)
« Mas os egípcios abominavam acima de tudo os pastores asiáticos de todos os tipos, desde os “semitas” até os indo-europeus: eles não tinham qualificativos ofensivos suficientes para descrevê-los. Trataram a eles como "Asiáticos desprezíveis" (conforme Manethon). De Hyk (= rei na língua sagrada) e Sos (= pastor, na língua popular), deu-se o nome Hyksos dado aos invasores. Eram também tratados como "malditos", "pragas","leprosos","saqueadores" e de "ladrões", do Sati = arqueiro? ... , Em volof [Senegal], a palavra significa: ladrão. Igualmente os Scitas eram chamados de "ferida de Schéto". (Cf. Cherubini, La Nubie, p.34) Nos baixo-relevos que nos deixaram os egípcios e que comemoram as expedições faraônicas contra essas pragas da Ásia, figuram personagens cujas diferenças étnicas com o Egito é percebida no primeiro contato e sem discussão possível. »
Tradução de Cheikh Anta Diop, "Nations Nègres et Culture" (1979), p.113
« Na borda das planícies férteis do vale, esses Líbios e o povo dos Trogloditas se mostravam como vizinhos famintos e saqueadores, sempre observando uma oportunidade para invadir os felahs egípcios, pacíficos e comprometidos com o trabalho da cultura e da criação. Eles nunca foram muito perigosos para os egípcios, pois ainda não possuíam cavalgadura rápida e capaz de transportar cargas pesadas; o burro seu único animal de carga, não se locomovia rapidamente nem transportava cargas pesadas [...] Perante estes nômades o Egito preparou uma fiscalização e operações de vigilância, onde eram empregados os próprios líbios e várias tribos como os Mashaouash, serviram como mercenários e eram recrutadas excelentes tropas em Mazoï. Os faraós achando oportuno se assegurarem assim contra o risco de roubo, pagavam, como forma de salário, uma recompensa à esses ladrões incorrigíveis. Somente nos últimos tempos do império de Tebas que os Líbios agrupados em uma espécie de federação e o movimento de migração dos povos, tornou-se para o Egito um sério risco de que os métodos empregados nao fossem suficientes para evita-los. »
Tradução de Alexandre Moret "De clans aux empires" p.197-198
Cativos euroasiáticos (reprodução de um baixo-relevo no templo de Ibsamboul - 19 ª dinastia sob Fari Ramessu II - em "Monuments de l’Égypte et de la Nubie" de Jean-François Champollion, volume I)
De fato, durante o reinado de Merenptah Fari em abril 1222 aC aconteceu a primeira invasão dos "povos do mar", em coligação com os líbios:
« "Nunca o perigo foi tão grande para a amada terra de Râ. Os bárbaros do norte, esses que vêm das ilhas banhadas pelo Mediterrâneo, os bárbaros do oeste, esses que habitam o deserto, onde se espalha o sopro maldito de Typhon, estão pela primeira vez coligados e sob o comando do amaldiçoado Amon Meryey, filho de Ded o rei dos Libou, penetraram no domínio de Horus. Uns navios remontam os braços do rio Nilo (Canopo), os outros tão numerosos como os grãos de areia do deserto, se espalharam por todo o Delta de Memphis. " [...] As crônicas egípcias os descrevem e os mostram como indivíduos de pele e olhos claros, altos, atléticos. »
Tradução de Mebarek Slaouti Taklit, "L'alphabet latin serait-il d'origine berbère" p.250-251
Aqui, o nome original egípcio de Typhson é Seth e de Horus é Heru, e de Memphis é Men nefer. Além disso:
- Os "bárbaros do norte" são populações brancas ribeirinhas do Mediterrâneo, também chamados de "povos do mar", compreendendo os lukkas (licianos), os peleset (filisteus), os shardanes, os shekelesh (sicilianos), os aqueus, etc.;
- Os "bárbaros ocidentais" são outra população de brancos fixados momentâneamente no Delta do Nilo Ocidental, são eles os lebou e meshwesh ou coletivamente chamados de tehemou, os líbios (não confundir com os líbios negros - lebou / libou negro - chamados de Tehenou).
E todos esses invasores extremamente numerosos se uniram sob o comando de um líbio chamado Meryey apelidado pelos egípcios de "o amaldiçoado de Amon". A batalha durou seis horas e os inimigos euroasiáticos foram derrotados e massacrados em grande número (10 000 mortos e 9.000 prisioneiros). Meryey fugiu abandonando suas armas, seu tesouro e seu harém. Uma outra tentativa de invasão se daria mais tarde, no reinado de Fari Rammessu III e falhou novamente. Ao longo de toda a história egípcia, os povos euroasiáticos fizeram sempre incursões, instalaram-se por algum tempo, em seguida, foram expulsos do país (os povos hicsos por exemplo).
« Mais de uma vez esses bárbaros tentaram entrar violentamente no Egito, atraídos pela riqueza que lá se acumulava mas a quase toda vez, depois de intensos combates, foram completamente derrotados e jogados para fora das fronteiras do país. A natureza dessas coalisões dos povos do norte e do leste na região do Delta, a natureza feroz das lutas que aí tiveram lugar, apoiando a fundação de Memphis como fortaleza avançada construída para a segurança do reino egípcio, se deve evitar qualquer confusão entre as raças que aí se enfrentaram. Se tratavam de verdadeiras coligações de raças brancas contra a raça negra do Egito. »
Tradução de Cheikh Anta Diop, "Nations Nègres et Culture" p.152
« Esta coalisão de povos do Norte e do Leste, no momento da Mernephtah é apenas um episódio na história egípcia. Ao longo desta história, houveram guerras semelhantes, mais ou menos importantes no nível desta região. Mas exceto à Baixa Época egípcia, os negros no Vale do Nilo sempre tiveram vantagem sobre estes bárbaros. Como testemunha disso, a existência de inúmeros baixos-relevos, encontrados desde as falésias do Sinai até os templos de Medinet-Abou e Tebas, representando cativos, conforme a paleta de Narmer desde o período pré-dinástico até XIX dinastia. Da confissão dos próprios líbios e levando em conta os textos egípcios, eles nunca tiveram a vitória desde o início dos tempos, isto quer dizer, desde a época de Râ. Nenhum fato, nenhum testemunho, nenhum texto se apresenta para invalidar essa constatação.
[...] A história ensina que eles eram ladrões famintos vivendo nos arredores do Egito na região ocidental do Delta, que serviram de mercenários, que foram instalados na região do Delta na Baixa Época egípcia, que eram da raça branca, com exceção dos Tehenou e essencialmente indóceis à civilização, no momento em que o mundo negro já era civilizado. Isto é o que os documentos históricos, por Heródoto, nos ensinam sobre os líbios fora de sua distribuição geográfica na costa setentrional da África.
Perguntamo-nos em seguida qual invenção nos levou a colocar tais povos, diferentes dos egípcios, em todos os pontos de vista, como origem da civilização egipcia, a ponto de se fazer o cúmulo das contradições os chamados primos selvagens ou menos civilizados. Estes líbios se fixaram no Delta como mercenários com lotes de terra atribuídos pelo faraó na Baixa Época. O Egito foi empregnado de estrangeiros e é essa mestiçagem que se deve a tez referente a tez dos coptas.
»
Tradução de Cheikh Anta Diop, "Nations Nègres et Culture", p.154 a 157
A presença hoje de populações euroasiáticas e árabes-berberes no norte da África é o resultado de sucessivas ondas de invasões ao longo dos tempos por essas populações brancas originárias da Eurásia (Tehemou e outros povos do mar) apareceram gradualmente no Delta do Nilo, de onde muitas vezes foram expulsos do Egito e depois se instalaram na terra favorecida pela generosidade do Faraó através da distribuição de lotes de terra e pelas confrontações militares na região.
Os europeus, tal como eram vistos pelos egípcios.
Extrato do quadro das nações na tumba de Ramessu III (20 Dinastia) reproduzida por Carl Richard Lepsius em seu "Denkmäler Aus Aegypten Und Aethiopien - Erganzungsband".
Na série dos homens aqui representados, temos abaixo a partir da direita o homem egípcio visto por si mesmo (A) em seguida o homem branco / europeu (B) tal como visto pelos egípcios, em seguida a representação dos outros africanos do resto de África (C) e finalmente o asiático (D). A série de homens na parte superior representa igualmente os mesmos tipos de personagens da esquerda para a direita (A) depois (D), em seguida (C) e por fim (B). Note que os egípcios estão pintados de preto e marrom para igualmente representarem a variedade da cor da pele como é encontrada aliás em toda a África. Evidentemente todos os africanos não são da cor “negro carvão ". Esta ilustração mostra de maneira incontestável que os egípcios nunca viram a si mesmos diferentemente dos outros africanos do interior do continente.
O homem branco / europeu (B) é o objeto de observação de Jean-François Champollion, o pai da egiptologia européia, apresentado anteriormente. Ele disse também:
« [...] Me precipitei a procurar o quadro correspondente a este aqui em outras tumbas reais os encontrando de fato em várias delas, as variações por mim observadas me convenceram plenamente que aqui se queria mostrar pessoas dos quatro cantos do mundo, de acordo com o sistema do antigo Egito, a saber:
1° os habitantes do Egito (...) [A]
2° os habitantes oriundos da Africa, os negros; [C]
3° os asiáticos; [D]
4° por fim (eu tenho vergonha de dizer, já que a nossa raça é a última e mais selvagem da série) os europeus [B] que nesses tempos antigos, é preciso ser justo, não tinham uma boa imagem neste mundo.
[...] Esta maneira de considerar estes quadros é ainda mais verdadeira do que em outras tumbas, os mesmos nomes genéricos reaparecem constantemente na mesma ordem (...) Mandei copiar e colorir esta curiosa série etnográfica. Eu certamente não esperava, chegando a Biban- el- Molouk encontrar esculturas que pudessem servir como ilustrações da história dos habitantes primitivos da Europa, se tivermos em algum momento a coragem de realizá-la. »
Tradução de Jean-François Champollion "Lettres écrites d'Egypte et de Nubie en 1828 et 1829" - edição 1833, na 13ª carta (26 Maio 1829)